Jesus foi o maior comunicador de todos os tempos. Numa época em que a cultura grega e romana exercia forte influência sobre as pessoas, Jesus introduziu uma nova postura nas relações humanas, o que representou um grande avanço em comparação à atitude de seus contemporâneos. Por causa da variedade de seus métodos e por causa da sublimidade de sua doutrina, Jesus foi um comunicador que usou com sabedoria importantes conexões em sua comunicação. Hoje entendemos por comunicação a difusão de ideias, conhecimentos e experiências, mediatizados pelas técnicas criadas pela inteligência humana. Tais instrumentos nasceram especialmente a partir do século XV, com a imprensa, e se desenvolveram rapidamente no século XX, com os veículos eletrônicos e informáticos (revistas e jornais impressos, telefone, televisão, rádio, internet e outros), denominados mídia.
A linguagem visual é um meio perfeito de comunicação capaz de agregar valores, mudar conceitos e estabelecer ideias. Desde a teoria de Platão, que utilizou sombras de imagens para transmitir ideias, passando pelo grande Mestre Jesus na utilização de imagens em suas parábolas e sermões, até hoje a linguagem visual é um canal importante na transmissão de uma mensagem. De fato, há uma cultura veiculada pela mídia cujas imagens, sons e espetáculos ajudam a urdir o tecido da vida cotidiana, dominando o tempo de lazer, modelando opiniões políticas e comportamentos sociais, e fornecendo o material com que as pessoas forjam sua identidade.
John Stott disse, acertadamente, que o sermão é uma ponte entre dois mundos: o texto antigo e o ouvinte contemporâneo. Neste aspecto, como seriam as reuniões da igreja onde os assistentes pudessem receber os conteúdos das mensagens bíblicas, anotações do sermão e as letras dos hinos por meio do Bluetooth, Wi-Fi, WAN e outras formas de conexão existentes? Parece ainda uma utopia adaptar uma cerimônia sagrada aos encantos da tecnologia. O que se vê é uma mentalidade voltada para um saudosismo em que muitos “presbiterianodontes, batistarex e assembleianossauros” têm dificuldades em se adaptar às novas formas de comunicação.
Como todos já sabem, há um bom tempo as igrejas se renderam à tecnologia dos microfones e amplificadores de som e, recentemente, em alguns casos, desenvolveram verdadeiros estúdios de sonoplastia com transmissão de cultos pela TV ou pela internet. E, durante os sermões, já se vê o emprego de imagens que auxiliam na elaboração e transmissão das mensagens. O que se percebe hoje é que boa parte da tecnologia dos equipamentos de informática é aplicada as imagens vinculadas na mídia impressa e digital. Esse tipo de tecnologia vem sendo empregada já há alguns anos e, por isso, muitos fabricantes investiram na elaboração de novas ferramentas e aplicativos, capazes de realizar tarefas incríveis nas imagens, que, por sua vez, podem ser usadas nos cânticos, sermões ou em websites. A disseminação das informações e o uso dos meios de comunicação social têm proporcionado e levado muitos a entrar em consonância, no que se refere à Igreja e a tecnologia, passando a fazer parte das relações estabelecidas entre cristãos e não cristãos, proporcionando uma socialização, inserção e, consequentemente, evangelização.
Foi-se a época em que os cânticos eram encadernados ou colocados em lâminas para retroprojetores. Hoje, nossos jovens vivem em uma realidade digital em que a imagem é percebida e utilizada pela mídia de forma rápida e atrativa, levando-os a desinteressar-se pelo convívio com a igreja. O que devemos ter é o compromisso de nos adaptarmos, assim como a figueira, mas sem perder a essência. O que esperamos é ocupar todos os dispositivos que a tecnologia nos entrega em função de alcançar vidas para o reino do Senhor Jesus.
Ser pregador de verdade não é nada fácil. É necessário ser vocacionado, chamado e preparado, sobretudo nesses últimos dias em que a pregação deixou de ser uma simples exposição da Palavra de Deus. E muitos pensam que, para agradar, o pregador deve ser espetacular – literalmente -, versátil. Precisa “cativar a plateia”, “ganhar o público”, “dominar o auditório”, como se estivesse em uma apresentação de stand-up comedy. Não! Ser pregador não é isso. É depender de Deus e sua graça, é aprender a utilizar os recursos disponíveis a serviço do Senhor, procurando a melhor forma de transmitir o evangelho da graça.
Embora o século XXI tenha proporcionado ao mundo mais invenções e projetos tecnológicos do que qualquer outra época da História, a tecnologia atingiu um ponto tão alto na evolução material que tem distanciado a igreja da sociedade. Por outro lado, no livro de Coríntios Paulo diz: “fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” (1Co 9:19-22). Sendo assim, mesmo desfrutando de diversos recursos tecnológicos, a igreja jamais deve perder sua essência, abandonando a unção e a dependência de Deus.
Aceitemos ou não, temos uma geração digital cuja linguagem e forma de se expressar são totalmente novas. É óbvio que ninguém pode simplesmente depender da tecnologia, como se ela por si mesma pudesse levar o evangelho a alguém. O recurso visual torna a pregação clara, objetiva, possibilitando melhor compreensão e assimilação. Precisamos adaptar nossa linguagem e a forma de expor as ideias sem perder a essência do verdadeiro Cristianismo, isso para sermos capazes de dialogar com a nova geração.
No que diz respeito ao uso de aparelhos de som e imagem na igreja, é preciso adaptar-se até mesmo aos códigos de posturas de seus municípios, pois o barulho e o emprego de imagens podem ocasionar escândalos e processos judiciais. Por isso, é necessário que a igreja tenha ou contrate profissionais capazes de fazer projetos acústicos, de mídia e até em websites, que são páginas na internet, para não ocorrerem erros e, com isso cair no ridículo, expondo o nome de Cristo e da Igreja.
Que Deus nos ajude a utilizarmos as tecnologias necessárias com sabedoria, a fim de comunicarmos com mais eficácia a mensagem gloriosa do evangelho.
Texto: Welington Fernandes de Lima
Foto: FOR-A Switcher Use Expands with Growth of Colorado Church
Referências Bibliográficas:
STOTT, John Robert Walmsley, Eu creio na pregação, Editora Vida, 2003.
SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo. Loyola, 2006,
KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. Estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. EDUSC, Bauru, 2001
Sobre o autor: Welington Fernandes de Lima é pastor da IPR de Barra do Garças/MT, docente universitário das disciplinas: Filosofia, História da Educação e Educação, Linguagem e Tecnologia.
Fonte: LIMA, Welington Fernandes de. O mundo da tecnologia e a comunicação na Igreja. In: IPRB.org.br. Disponível em: http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art200_249/art207.htm. Acesso em: 12 Fevereiro 2016.
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