“O rumo que a reportagem do Fantástico de domingo (25/9/2015) deu à investigação sobre o caso das meninas indígenas levadas a São Paulo por missionários para tratamento médico chocou e surpreendeu a todos: missionários, comunidade evangélica brasileira e comunidade indígena.” As palavras são do diretor da JOCUM (Jovens com uma Missão) em Porto Velho (RO), Reinaldo Cazão Ribeiro, em um artigo com o título “Preconceito global no caso Suruahá”, a despeito da polêmica reportagem veiculada na TV Globo que, pretensiosamente, usou o caso para falar das motivações religiosas que podem “acabar” com a cultura de uma tribo. A reportagem, inclusive, sugere que os missionários “barganham” com índios, oferecendo tratamento de saúde em troca de conversão. E usa, para isso, algumas afirmações equivocadas da missionária da aldeia, que foi entrevistada pessoalmente.
Em seu artigo, Ribeiro explica os 21 anos de trabalho dos missionários naquela tribo e, em contrapartida, mostra que o trabalho da JOCUM é hoje necessário inclusive para que os índios não sejam sucumbidos naquela região. O problema é que as explicações acabam por ser veiculadas somente entre os próprios evangélicos e o mais grave: depois que o “estrago” foi feito perante as câmeras.
Aprovando ou não os métodos da reportagem televisiva, você há de concordar: é impossível competir com ela. A TV tem hoje o poder de influenciar, levantar ou derrubar pessoas e instituições. E nem a igreja está isenta. Sim, porque apesar de não sofrermos os abusos da perseguição religiosa, somos discriminados – ao menos por boa parte da mídia. Prova disso é que o show de qualquer cantor sertanejo que reúne 20 mil pessoas é notícia; mas as gravações do grupo Diante do Trono, que chegam a reunir mais de um milhão de pessoas e primam pela qualidade da produção e organização, passam quase que despercebidas. E esse é apenas um exemplo. Os evangélicos também são responsáveis por inúmeras obras assistenciais que contribuem em muito para amenizar os problemas sociais brasileiros, mas, só viram notícia – salvo raras exceções - quando um pastor ou uma igreja se envolve em polêmica ou escândalo.
Contudo, se não é possível competir com a Mídia, pelo menos é preciso saber lidar com ela. E é aí que entra a Assessoria de Imprensa, tão necessária - e porque não dizer, indispensável – também nas instituições religiosas.
Na prática, o assessor de imprensa tem o dever de construir e manter a boa imagem de seu assessorado perante a comunidade, o que se faz através dos veículos de comunicação internos e externos. Para isso, o assessor fornece informações que podem virar notícia em jornais, revistas, rádio e TV e também é aquele que faz a ponte entre a mídia e o assessorado no caso de entrevistas e/ou reportagens envolvendo a instituição. Nada melhor a um pastor, por exemplo, do que ser acompanhado de perto por um assessor de imprensa quando for abordado por um jornalista para falar de um assunto polêmico ou mesmo de uma atividade rotineira da igreja. Além de proporcionar uma boa imagem – de profissionalismo e seriedade – o assessor de imprensa pode orientar esse mesmo pastor sobre o que é relevante e como pode virar uma notícia ou esclarecimento de fato. Além disso, acredite: um assessor de imprensa sempre impõe respeito aos “coleguinhas” jornalistas. Afinal, com um outro profissional por perto, fica mais difícil manipular a fonte para servir aos seus interesses.
Já se foi o tempo em que o assessor de imprensa de uma igreja servia apenas para produzir os informativos – jornal, revista, folder ou boletim – e divulgar os eventos e trabalhos sociais da denominação. Hoje, suas funções abrangem isso e muito mais. É ele quem faz a comunicação estratégica da instituição e está sempre pronto a responder por ela. É facultado a esse profissional o dever de “defender” a imagem do assessorado quando ele é exposto de forma negativa na mídia ou quando fatos considerados errôneos são publicados. Aliás, é seu dever e direito intervir junto aos veículos de comunicação quando a imagem da sua organização está sendo comprometida. Cabe ao assessor defender, no caso, a igreja, da linguagem abusiva, das informações equivocadas e esclarecer fatos ou assuntos mal divulgados ou distorcidos que prejudiquem sua imagem e credibilidade. Enfim, ter um assessor de imprensa por perto é sempre bom. Ainda mais quando se trata da igreja evangélica e da mídia brasileira...
Pense nisso!
Fonte: SALABAI, Rosana Salviano. Igreja evangélica x mídia brasileira: arme-se para essa guerra! Disponível em: http://www.institutojetro.com/artigos/comunicacao-e-marketing/igreja-evangelica-x-midia-brasileira-armese-para-essa-guerra.html. In: institutojetro.com. Acesso em: 12 Fevereiro 2016.
Foto: kaninde.org.br
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